Sal


No começo do curso de gastronomia os professores enfatizavam a importância de acrescentarmos a quantidade certa de sal nos pratos. Não é complicado, afinal o sal realça e define os sabores dos alimentos, que sem ele ficam todos muito parecidos e quase sempre com um sabor um pouco adocicado. Comentei que no Brasil damos bastante importância ao sal, tanto é que quando uma pessoa é sem graça dizemos que é sem sal. Todos acharam muito apropriado, mas alguns sentiam muita dificuldade e nem conseguiam entender o conceito de graça. Bom, aí realmente fica difícil! Também os americanos têm medo de usar e ingerir sal, pois são bombardeados pela mídia que insiste em dizer que ele faz mal a saúde, apesar de já existirem pesquisas mostrando que apenas uma pequena parcela da população é sensível ao sal. Tá bom, muito sal retem água, incha e dá celulite, mas é só não exagerar e tomar bastante líquido. O fato é que não podemos viver sem ele, seja por prazer, seja por necessidade. Nosso corpo possuí cerca de 250 gramas de sal, que é essencial para todo o tipo de vida animal, pois regula a troca de água entre as células e seu meio externo, ajudando-as a absorver os nutrientes e eliminar os detritos para a corrente sangüínea. Além disso, o sódio é necessário para a contração muscular, incluindo as batidas do coração, e para a transmissão dos impulsos nervosos.
O sal foi o primeiro tempero da civilização. Os homens primitivos conseguiam o suprimento diário de cloreto de sódio a partir da carne crua dos animais que comiam. As coisas mudaram quando o fogo foi descoberto e os alimentos passaram a ser cozidos, perdendo o sal contido neles, que agora precisava ser buscado em outro lugar. O homem começava aí sua grande corrida pelo sal. No início o sal era extraído das minas a céu aberto e as primeiras minas descobertas fizeram a riqueza de muitos povos antigos. O sal, onde faltava, era comercializado literalmente a peso de ouro. Sua importância era tanta que a principal via de transporte da Roma antiga chamava-se Via Salaria (Estrada do Sal), por onde os soldados transportavam os carregamentos dos cristais preciosos para a cidade e como pagamento recebiam o salarium, que significava "dinheiro para comprar sal".
Hoje em dia, como o sal normal ficou baratinho, arrumamos um jeito de elitizar o básico sal de todo dia e assim surgiu a moda dos caríssimos sais especiais. Porém, parece que depois de alguns testes concluíram que o nosso paladar não consegue distinguir diferentes tipos de sal. Mas será que percebemos os alimentos de formas diferentes dependendo do sal que acrescentamos a eles? Ciência a parte, eu me empolguei na Bretanha e também comprei meu potinho de Fleur de Sel de Guerande, que uso em ocasiões especiais, em doses homeopáticas, acho uma delícia e recomendo!

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