Quem gosta mesmo de comer sabe: quanto mais variedade melhor. Nós gourmets não nos alimentamos, experimentamos. Se eu pudesse não faria refeições e passaria o dia experimentando diferentes alimentos. Tá aí a resposta para as pessoas que me perguntam como trabalho com comida e sou magra; gosto de comer bem, não muito.
As pequenas porções vêem bem a calhar nos dias de hoje; com elas as pessoas que apreciam a gastronomia estão descobrindo o prazer de relaxar à mesa e compartilhar pratos, tornando as refeições menos formais e mais flexíveis quanto ao preço, tempo e quantidade de comida.
Muitas culturas têm a tradição de servir pequenas porções. Da Itália quem não conhece os deliciosos antipasti? No México existem os antojitos, ou pequenos lanches, que as pessoas comem nas ruas e mercados durante todo o dia. Entre eles encontramos, por exemplo, os tacos, tamales e pequenas tostadas. Em alguns países do Mediterrâneo como Grécia, Turquia, Síria, Líbano e Israel, encontramos as mezes, que são uma coleção de pequenos pratos, muito variados e coloridos. Dentre eles, estão as azeitonas, queijo feta, saladas com iogurte, assim como o quibe e a sambusak, parecidas com as indianas samosas e claro, os espetinhos chamados kebabs. No Brasil, não é de hoje que freqüentamos bares e nos deliciamos com comidinhas como pastéis, bolinho de bacalhau, mandioca frita e tantas outras.
Mas o boom das pequenas porções se deve as famosas tapas espanholas, que entraram na moda junto com a alta gastronomia do país. As tapas vieram da região da Andaluzia. Dizem que para impedir que moscas caíssem no vinho o barman colocava um pequeno prato com comida em cima das taças. Assim, da palavra tapar surgiram as tapas!
Hoje vários restaurantes nos EUA e Europa servem tudo o que você possa imaginar em pequenas porções, como num menu degustação. E eu estou contando os dias para essa moda chegar por aqui. Enquanto isso, relembro uma das melhores refeições que fiz na vida, composta por pequenas porções, claro. Foi há quase 2 anos no restaurante L’Atelier do maior chef do mundo, Joel Robuchon, em Paris. Lembro em detalhes de tudo que comi... Lagostins delicados e suculentos envoltos em folhas de manjericão e cobertos com uma massa fininha e crocante, coxinhas de rã levemente empanadas, tão macias que pareciam derreter na boca, com purê de alho e coulis de salsinha, bouillon de azedinha com cubinhos de foie gras caramelizado e pontas de aspargos ao dente e ainda um ravioli de massa levíssima, recheado com lagostim acompanhado de um molho a base de trufas. A sobremesa, simples e deliciosa, era uma taça com creme pâtisserie e fraises de bois (aqueles moranguinhos selvagens). Inesquecível!
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