Estive um pouco ausente, fazendo curso de café, trabalhando como barista no interior de Minas e passeando pelo Rio de Janeiro porque ninguém é de ferro! Foi um contraste radical, de repente eu estava na cidade maravilhosa, mas sem a possibilidade de tomar um café maravilhoso como os que andei tomando até então.
Realmente, a única coisa que depõe contra o Rio é o seu café. Não concordo que faltam programas culturais ou bons restaurantes como alguns falam. Até a noite dá pro gasto para quem passou dos trinta, já que SP também não tem tantas opções para nossa faixa etária! Mas o café... Procurei por toda a parte, cafeterias, docerias, bons restaurantes e nada! O café espresso encontrado no Rio ( e ainda em vários lugares aqui em SP, verdade seja dita) tem tudo o que um bom café não pode ter: é longo demais e aguado, meio sem gosto e ao mesmo tempo amargo como a morte. Não tem o creme na superfície ou quando tem ele é esbranquiçado, ralo e logo se desfaz. Um terror!!! Questão de gosto? Não, existe ciência por trás de um bom espresso.
Pra começar a palavra espresso, que vem do italiano, não se refere a rapidez, mas ao fato da bebida ser preparada no momento da solicitação, o que seria equivalente ao “to order” em inglês. Existem alguns parâmetros que devem ser obedecidos para que se produza um espresso de boa qualidade. Primeiro é preciso usar a quantidade correta de café moído que varia de 7,5 a 8 gramas e a água usada deve ser filtrada. A máquina deve ter pressão e temperatura adequadas (9bar e 88 a 92ºC) e o tempo de extração deve ser de aproximadamente 25 segundos. O café moído deve ser compactado com bastante força dentro do porta filtro para apresentar resistência suficiente à água, que só assim pode extrair os óleos essenciais que dão sabor ao café. Claro que o grão usado deve ser de boa qualidade e torrado de forma adequada. Tudo isso para que o espresso seja extraído corretamente e produza um café de sabor agradável, com amargor apenas inicial, acidez equilibrada, corpo e doçura acentuada. Que tenha um sabor residual ou “after taste” bom, persistente e que não deixe a boca seca após seu consumo. Além disso, um bom espresso deve ter um creme espesso, cor de caramelo, uniforme, sem manchas claras demais ou escuras demais, com algumas estrias um pouco mais fortes, lembrando um tigre. E pra quem gosta de espresso com espuminha de leite, ou macchiato, saiba que a correta vaporização do leite deve produzir uma espuma sem bolhas, com textura e aparência de um verdadeiro creme e não de detergente!
Será que alguém ainda vai conseguir ensinar o carioca a tomar e fazer café? Espero que sim, porque o Rio merece bons cafés para acompanhar a paisagem espetacular, as simpáticas livrarias, o vai e vem de pessoas felizes e pouco estressadas! Ai, que saudades do Rio... Agora que já me locupletei de cafés paulistas!!!
Subscribe to:
Post Comments (Atom)
No comments:
Post a Comment