
Tínhamos uma cozinheira de mão cheia, a querida Zuleica, que naquele dia estava preparando um jantar especial para muitos convidados. Eu adorava esses dias, a casa ficava tão alegre, com movimento e cheiros maravilhosos. Eu rondava a cozinha tentando bisbilhotar, mas Zuleica não gostava e nunca me deixava participar. Certa hora minha mãe e ela me chamaram e falaram que eu poderia ajudar em alguma coisa. Fiquei animada, mesmo que a missão fosse simplesmente ir até a quitanda alguns metros acima para buscar um pote de creme de leite fresco e frizaram que só poderia ser o fresco. Animada chamei um amigo do prédio e partimos. Mas na quitanda não tinha o tal do fresco, só em lata. Não podia falhar na missão, perguntei onde poderia encontrar tal produto e soube que seria na Casa Santa Luzia, que ficava na Augusta. Sabia que era um pouco longe e estava ficando escuro, mas não podia falhar na missão. Saímos da quitanda perguntando pra quase todos que passavam como fazer para chegar lá e me divertia como se estivesse participando da minha bincadeira preferida: caça ao tesouro! Chegamos de volta em casa triufantes com a missão cumprida, mas minha mãe estava tão preocupada e estressada que reagiu gritando, me virando e dando um tapa na minha bunda! Nem imaginava que viraria cozinheira, mas a verdade é que eu já tinha algumas características fundamentais como: o respeito à comida, o apreço pelos melhores ingredientes, a atenção aos detalhes e o esforço para fazer as coisas da melhor maneira possível.
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