Erros

Com a competição cada vez mais acirrada em todos os aspectos de nossas vidas, parece que não podemos nos dar ao luxo de cometer erros... Admiti-los, então, virou uma raridade. Eu não gosto de errar, não! Quem gosta? Porém, com a maturidade, nós pobres errantes, eventualmente acabamos nos tornando mais sábios e filosóficos... Percebemos que errar é inevitável e que quando um erro acontece sempre podemos aprender uma lição ou até mesmo criar algo novo. A culinária tem ótimos exemplos de erros que acontecerem para o bem não só de quem os cometeu, como da humanidade!
O grande chef Jean-George Vongerichten cometeu um belo erro ao fazer 300 pequenos bolos de chocolate para uma festa sem a quantidade certa de farinha e assim criou o adorado petit gateau! As irmãs Tatin se distraíram ao fazer uma torta de maçã, tentaram dar um jeitinho assando a torta com a massa em cima das frutas e criaram a deliciosa tarte tatin! Ruth Wakefield preparava sua receita favorita de biscoitos e resolveu acrescentar pedacinhos de chocolate na massa, achando que derreteriam, errou, mas criou o delicioso chocolate chip cookie! Isso não acontece só na pâtisserie: o clássico molho francês beurre blanc foi criado em Nantes depois que o chef Clemence esqueceu de acrescentar ovos ao fazer um molho bearnaise.
Tá certo, que sabemos dessas estórias porque essas novas receitas ficaram ótimas. Não vamos ser ingênuos, imaginem também quantos erros com resultados ruins são cometidos todos os dias! Mas pelo menos, servem de lição para quem os faz. Como na primeira vez que fiz chessecake na escola e deixei o pobre cream cheese na batedeira, apanhando como um condenado enquanto eu fazia outras coisas. Resultado: muito ar na massa, crescimento ao ser cozido, desabamento e rachadura ao ser esfriado. Na hora foi duro! Mas agora sei que aquela aula não podia ter sido melhor, hoje faço um chessecake impecável!

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